Temporada de prêmios nos EUA e uma série de filmes desembarcam no Brasil. Entre eles, "Ela" de Spike Jonze. Todos os filmes deste roteirista e diretor tem um altíssimo nível de criatividade nos roteiros e uma inventividade na realização que, às vezes, dificulta a própria universalização da obra.
Neste filme, um sujeito recém-separado (aliás, muito bem interpretado por Joaquim Phoenix) compra um sistema operacional que pensa e dialoga com seu dono (também maravilhosa interpretação de Scarlet Johansson). Ao acompanhar a história, somos tanto inundados pela humor das situações quanto pela tristeza de imaginar o quanto já estamos próximos deste "futuro" descrito pelo filme.
Falamos com nossos smartphones, tablets, laptops. Preferimos os jogos e as comunicações virtuais à possibilidade do confronto e do julgamento. Se tornou normal ver gente, nos meios de transporte, grudada em seus brinquedos, sem trocarmos um olhar que não seja de estranheza ou que nos sintamos ameaçados. Todo o aparato de segurança, com suas milhares de câmeras, nos coloca com um sorriso rígido (sim,estamos sendo filmados!) e com medo de estar fazendo alguma coisa que não esteja no padrão desejado.
Mas, o sistema operacional do filme vai além! É sedutora, bem humorada, acompanha os sonhos do seu dono, propõe momentos de aventura e prazer, evolui, ama e acaba sendo aceita na sociedade. Uau, a companhia perfeita! Não te critica, está à sua disposição 24 horas por dia, se preocupa com seu estado de humor, é culta e aprende rapidamente.
Mas, no fundo, a solidão ainda continua no coração humano. E aí, não existe outra forma de curá-la que não seja o encontro com o outro. Afinal, para aqueles que, ainda não entraram 100% no automático (se tornaram inteligências artificiais?!), começam a retornar às origens, buscando momentos de contemplação na natureza e encontros com amigos e familiares. Que gostoso se emocionar com os outros, lidar as dificuldades das relações, crescer e evoluir juntos. Dá trabalho mas isso é ser humano!
Um bom filme,para mim, é assim! Que me faz divertir e que me toca nas questões mais essenciais. Onde percebo que, nem a maior inteligência artificial conseguiria escrever e dirigir algo tão humano e criativo. Não garanto que você vá gostar (gosto não se discute!!!) mas acho que vale a pena arriscar.