Talvez poderia negar e dizer que não tem nada ver mas esta reflexão, é claro, tem a ver com os meus 50 anos! Uma data bem legal de ser comemorada mas olhando para os próximos tantos anos com a pergunta : como envelhecer?
São tantos exemplos bons e ruins ao nosso redor. Da amargura de uma expectativa não realizada, de uma paz não alcançada, da angústia de não ter sido aquilo que se esperava de si próprio (ou do que esperava do mundo!) a corpos já com as marcas do tempo e o espírito jovem completamente preservado. Com certeza, lembramos de pessoas que preenchem quaisquer destas "classificações".
Acabei de ter uma semana onde se provou a necessidade da renovação como a fonte de um envelhecer mais saudável em todos os sentidos.
Começando na 2a. feira, no diálogo com jovens talentos que estamos promovendo sobre o tema de Organizações Saudáveis, com o bate-papo com o Dr. Ronaldo Perlatto. Convidamo-lo para falar de Salutogênese, ou sejam, das causas da saúde no ser humano. Apesar da estranheza, pois estamos acostumados a falar da Patogênese, a origem da doença, explorou-se as condições de uma vida mais saudável. Passando pelas coisas mais comuns - o cuidado propriamente dito com a saúde -, para mim chamaram mais atenção dois aspectos : o cultivo do amor pela ação (e não pelo resultado) e a gratidão pelo que recebemos. No primeiro, principalmente na esfera profissional, vivemos uma cultura de resultados a qualquer custo e esquecemos que o amor pelo que se faz é que sustenta o resultado. No campo pessoal, também. Se o artista só se preocupa com o resultado da sua arte, ele adoece e não aproveita o processo da sua realização. Se nos preocupamos em ficar 100% (seja lá em que!), não vivemos o momento presente. E isto tem relação com a gratidão, com o reconhecer os presentes e os pequenos milagres que recebemos todos os dias. A cultura da falta, do "gap", nos faz críticos conosco e amargos com os outros e a vida.
Na 3a. feira, cheguei em casa e voltei a ser criança. Ganhei uma "Caça ao tesouro" (Valeu, Sílvio!) como aquelas que fazia quando criança, com charadas a serem descobertas e presentes a serem encontrados em algumas das pistas (além de um lindo cartão no final). Fiquei curioso, maravilhado e emocionado com as palavras e a dedicação no preparo. Algo que foi feito para que eu me lembrasse do quão especial é ser estimulado a pensar e a encontrar as respostas. Quais são os tesouros que estão todos os dias colocados na nossa frente ? Como voltar a se estimular com as reais brincadeiras ?
E agora, volto de Florianópolis, de um encontro com Daniel e Gudrun Burkhard. Amigos, sócios do destino, sábias crianças nos seus 80 e 84 anos, que nos deram uma lição de simplicidade, carinho, alegria e amor ao nos receberem com suas palavras, sorrisos, abraços e novos projetos de pesquisa.
Dois dias reenergizantes, revitalizantes e que geraram mais certeza sobre o chamado. Eles investindo para um legado para outras várias gerações a partir deles e com uma energia digna de quem está começando, sempre começando. Como sou grato a ter estas pessoas ao meu redor, próximas, que são fonte de inspiração para a vida!
É com muita alegria que chego aos 50 anos e com a esperança de ter aprendido, não só nesta semana, mas com muitas outras pessoas, a saber aceitar os limites do físico e navegar nas infinitas amplidões do espírito.